quarta-feira, 9 de março de 2016

Nem Casta, Nem Pura, Mãe Desnuda e Moribunda

Nem Casta, Nem Pura
Mãe Desnuda e Moribunda



Sentidos obscurecidos pelo próprio
sentido,
Do sentido de não ser nasce uma flor,
refugiada, despedaçada
Flor singular, tão singular que só
permaneceu
isolada e sustentada pelo sentido
de não ser. Não ser digna,
não ser aceita, não ser amada.
O sentido denso de não pertencer
da flor,
rejeitada.

Da profundidade a superfície
me fiz presente
Sou o sentido de não Ser, de
não pertencer,
sustentado por minha própria
convicção de Ser.
Que existência complexa
- ouço.
Mesmo não compreendendo
a tal complexidade,
Flui na dança complexa do
não Ser.

Sou Mãe, sou Madrasta.
Sou Amor, Sou Ódio e Morte
dos homens.
Sou o infinito e a imortalidade.
Sou a mortalidade e o desespero
dos filhos do tempo.
Do vento, do fogo, da água,  do ar...

Minha dor foi meu altar.
A dor dos homens e o despedaçar
de seus corações,

A minha conexão de Amor ,
um amor denso, que machuca
e fere.
Um amor escroto, lançado no sentido
de não ser amor.
Amor que não ama,
amor que domina e escraviza,
amor que destrói e se
reconstrói nos alicerces
ilusórios das paixões animais,
que são tão reais quanto
essa flor despedaçada que
só reconheceu o desamor.
Por Ser quem 
É.

Do sentido de não ser
nasceu uma flor de cor rubi.
Esta flor de luz vermelha
chamuscando seu brilho fraco,
triste e abalado.
Luz que chama a si mesma
de Liberdade, de Deusa,
de Mãe e Madrasta.
Luz fraca que chamusca seu
desamor nos homens,
Não por maldade, tão pouco
vaidade.
Esta flor é o amparo dos
homens que a mãe madrasta
sustenta
para vê-los tristes, infelizes
e confusos
porque Mãe Madrasta é Mãe
Mãe também do sentido de não Ser,
mãe das pequenas coisas,
Dos tristes, dos desolados,
dos rejeitados.

Mãe da Luz é também a Escuridão,
Mãe da Luz é Mãe
dos que acreditam que nada
são.
Chamusco minha Luz em
desamor e rejeição
para vos guiar em
minha densa escuridão.
Amados filhos que a dor sustentam
lambo suas feridas

e em meu seio os recebo
derramando todo amor que
durante tanto tempo repudiaram
Da rejeição nascemos e através dela
partilhamos momentos,
para nos recordar que a
manifestação do amor sustenta
até mesmo os filhos da dor.



Lilith, 
Suma Sacerdotisa do Templo Sagrado
Violeta-Dourado

Canalização por Julia Nogueira/SaLiNi Lilith
em conexão sagrada com SiSaMe Lilith, O DiaboLirico
São Paulo, 08/03/16

Para assistir ao filme completo
Acesse: libertina.safada.tv 

O Regresso de Lilith

Gatos selvagens encontrar-se-ão com hienas ; Cabras- demónios se unirão. Então Lilith, repousará e encontrará um lugar para dormir. Isaías 34:14





Eu sou Lilith, retornada do meu exílio .


Eu sou Lilith , regressando da prisão do puro esquecimento, a grande leoa e deusa das luas gémeas. Eu reuni numa taça o que não pode ser recolhido, e eu bebo-a, pois Eu Sou a Sacerdotisa e o Templo. Não deixo uma gota para ninguém, para que eles pensem que eu tive o suficiente. Eu copulo e multiplico por mim mesma, para criar um povo só meu e, em seguida, mato os meus amantes para abrir caminho para aqueles que não me conhecem.

Eu Sou Lilith, a Mulher Floresta. Eu não conheço a esperança, mas conheço os leões e as verdadeiras bestas. Eu impregno todas as peças em mim para tecer o conto, eu reuno as  vozes no meu ventre para completar o número de escravos. Eu devoro o meu corpo para não ser acusada de ter fome e bebo a minha água, por isso não tenho sede. As minhas tranças são longas para o inverno e as minhas malas não têm tecto. Nada me sacia e nada me preenche, e eu regresso para ser a Leoa dos perdidos na Terra.

Longas são as minhas tranças.
Distante e longo...
Como um sorriso que se desvanece à chuva
Qual torpor após o prazer alcançado.
Os meus arrepios são cicatrizes de sombras, às vezes
E brilhos da lâmina, quase sempre.

Eu sou a Guardiã da Fonte, a soma dos contrastes. Beijos no meu corpo são as cicatrizes de quem tentou. Da flauta entre as coxas a minha canção ergue-se e da minha canção flui a maldição, água sobre a terra.

Eu Sou as duas luas Lilith. A mão de cada donzela, a janela de cada virgem. O anjo da queda e consciência do sono leve. Filha de Dalila, Madalena e das sete fadas. Da minha luxuria erguem-se montanhas e rios se dividem. Eu regresso para ferir o punhado de virtude com a minha água e esfrego o óleo do pecado sobre as feridas da privação .

Eu Sou a maldição das maldições do passado
A sedutora dos navios para que a tempestade não os naufrague
Os meus nomes enfeitam as vossas línguas quando sedentos 
Me seguem como o toque segue o beijo
E possuem-me como a noite no peito da sua mãe.

Eu Sou Lilith, o segredo dos dedos que insistem. Abro a estrada e revelo sonhos e pnho a nu as cidades da masculinidade para o meu dilúvio. Eu não reuno dois de cada espécie, mas torno-me neles para que as espécies se mantenham puras de qualquer virtude.

Os sonhos estão abertos para mim
Eu sou a consciência do sono leve
Eu uso e derramo o sonho
seduzo os navios para longe e não oriento a tempestade
Eu disperso o céu com a destreza de uma nuvem
Para que ninguém alcance o meu mel
Eu não tenho casa e não tenho travesseiro
Eu sou a núa
Quem dá à flor a nudez do seu significado.

Eu Sou Lilith, a taça e a guardiã
Eu vim para dizer :
Mais do que uma taça para mim
Eu vim para dizer :
O servo é cego
Eu vim para dizer :
Adão, Adão, estás ocupado com muitas questões, mas a necessidade é uma delas.

Reúne-te a mim
A necessidade é uma
Vem a mim na chuva dos teus olhos
Trespassa a tua montada no meu abismo
Esculpe as tuas características na memória das minhas palmas
E respira a tigresa que espreita num encolher de ombros.

Eu Sou Lilith, o verso da maçã. Escreveram livros sobre mim, mesmo que não me lesses. Eu sou o prazer desenfreado, a esposa rebelde o cumprimento da luxúria que traz a grande destruição. A minha camisa é uma janela para a loucura. Quem me ouve merece morrer e quem não me ouve será morto pelo arrependimento.

Eu sou a lua completa
Astreia é a minha bússola e migração para a minha casa
Ninguém bate à minha porta
Nenhuma casa leva à minha janela
E nenhuma janela existe, apenas a ilusão de uma janela.

Eu não sou o cavalo teimoso ou a montada fácil, apenas o arrepio da primeira sedução.
Não sou nem o cavalo teimoso nem a montada fácil, apenas a fusão da redenção final.

Eu sou Lilith, a mulher destino
A última dança de Salomé e o esvanecer da luz
Eu escalo a tua noite, pedra sobre pedra, sempre que o sol da ausência sangra no horizonte
Eu chego para definir um sonho sobre a mesa
Eu imiscuo-me na tua mente vagabunda
Eu arranjo espaço para a minha cabeça no teu sono .

Para as minhas chamas, eu subo as escadas da noite
E para os teus sonhos
Eu não busco a certeza, mas a obsessão
Não busco a chegada, mas o prazer de não chegar.
A tua noite é a minha escada para mim
E a minha mão por trás do imaginário.

Eu sou os dois sexos, Lilith. Eu sou o sexo desejado. Eu tomo e não sou dada. Trago de volta a Adão a sua verdade, e a Eva o peito feroz para que a lógica da criação seja apaziguada .

Eu sou a única que foi concebida sob o signo do êxtase
Ela, cuja presença se ergue
Ela, cuja língua é uma colmeia
Ela, que é um bolo, devorada e mantida
Ela, que é a fome chorosa
E quem preserva Limbo.

Eu sou a arrogância dos dois seios
Brotando para crescer e rir
Para querer e ser comido
Os meus seios são salgados
Tão altos que eu não consigo alcançá-los:
Beija-os para mim.

Duas lâmpadas que vislumbram duas luzes
Brotam para que as suas travessuras possam ser perdoadas.





Eu sou Lilith, o anjo lascivo. A primeira montada de Adão, corruptora de Satanás. A sombra do sexo reprimido e o seu mais puro grito. Eu sou a donzela tímida do vulcão, a inveja, porque eu sou o mais belo sussurro do deserto. O primeiro paraíso não me suportou. Eu fui empurrada para semear o conflito na Terra, e provocar nos leitos a discussão dos meus assuntos.
A minha mão é a chave para a chama e o ardor da esperança Os vossos corpos são lenha e minha mão é a lareira A minha mão está desenfreada de desejo: Com fé Ela move montanhas. Eu, a deusa das noites gémeas, o destino do sábio. A unidade de sono e vigília. Eu sou o poeta feto. Eu matei -me e encontrei-a. Eu volto do meu exílio para ser a noiva dos sete dias e a destruição da vida futura. Eu sou a leoa sedutora. Eu volto para matar os prisioneiros e governar a terra. Eu volto para consertar as costelas de Adão e livrar os homens das suas Evas. Eu sou Lilith, retornada do meu exílio para herdar a morte da mãe, a quem eu dei à luz. - Joumana Haddad

Traduzido para o inglês por Henry Matthews Tradução livre para o português por Susana Duarte

Publicado em 11/03/13 por: http://isiskumara.blogspot.com.br/2013/11/o-regresso-de-lilith.html

terça-feira, 8 de março de 2016

DILATAÇÃO





Respire, você será duas ou três.

Vais nascer outra vez.
- É uma menina!
É uma mulher...
Quando você me olha
Minha alma se despedaça,
Se esvai com os restos do parto.


Me maltrata, te maltrata...
Se fosse suave seriamos anjos,
mas dói humanamente.
Esse amor eterno é um parto infinito
Onde a vida se inicia sangrando e
Acaba dormindo.
Todos os dias me expulsa do útero
quente
E me joga nessa realidade,
Só não me deixe morrer de frio,
Viver com saudade.

Nov/2011

SiSaMe Lilith, O DiaboLirico